As relações com os nossos pais são as relações mais primárias que desenvolvemos. A qualidade dessas relações, quer sejam positivas ou negativas, manifesta-se no futuro sob as mais variadas formas.
Recebo em consulta muitos adolescentes e adultos de várias faixas etárias com diversos tipos de queixas: ansiedade, depressão, indecisão, incapacidade em assumir as suas escolhas ou validá-las.
Estas queixas têm, como é óbvio, origens diversas, mas curiosamente, muitas vezes estas pessoas têm algo em comum, relações primárias com os seus cuidadores, pais e/ou mães, que contribuíram para o desenvolvimento de sentimento de valor pessoal negativo que não lhes permite avançar porque agora que lhes é pedido (quase exigido) que avancem, eles já não podem recorrer às (des)validações dos seus pais.
Devo ressalvar que estes pais fazem, na maior parte das vezes, o melhor que podem e conseguem tendo eles também um passado e uma base de relações própria sob a qual se desenvolveram e aprenderam eles próprios a ser pessoas.
No entanto, um estilo desaprovador, demasiado protetor, não estimula nas crianças, e futuros adultos, aquilo que chamamos de segurança interna, levando a que adultos se sintam como crianças indefesas sem saber que caminho escolher, a que sintam um alerta permanente do qual se tentam proteger, a que se sintam desesperançados por acreditarem que nunca serão bons o suficiente.
Quando dizemos a uma criança “nunca fazes nada bem”, quando desaprovamos tudo o que fazem porque “podiam ter feito melhor”, quando nunca concordamos com as escolhas que as nossas crianças fazem espontaneamente, estes seres sensíveis irão sentir-se pouco seguros porque as pessoas que eles mais amam não os aprovam como eles são, retraindo-se para corresponderem aquilo que acham que os pais aprovam ou para diminuir o risco de desaprovação ou de rejeição destas figuras primordiais.
Sim, existem adultos incríveis que sobreviveram a relações primárias pobres. Claro que cada pessoa é única e irá crescer de uma forma ou de outra com mais ou menos questões emocionais por resolver.
Como disse inicialmente, as manifestações são várias e o processo terapêutico também varia consoante as questões individuais de cada um, mas não raras vezes, esse processo passará por tomar consciência que as questões atuais que causam sofrimento ou desconforto poderão passar por compreender a forma como as relações com os nossos pais nos moldaram, nos estruturaram (ou não) e como, hoje, enquanto adultos, podemos ser quem quisermos ser, aprendendo a validar as nossas próprias emoções, necessidades, ter relações saudáveis (enquanto pais, namorados/esposos, amigos, profissionais) e acreditarmos que somos capazes de tudo aquilo a que nos propomos.
É esse no fundo o trabalho que fazemos em Psicoterapia e te convido a fazer também. Para dar esse passo fundamental de libertação e descoberta pessoal, marque a sua consulta. Estarei consigo nesse caminho.