O medo que sentimos e projetamos para o futuro, antecipando que algo vai correr mal ou é perigoso denomina-se Ansiedade. A par da Depressão, quase que poderíamos dizer que a Ansiedade é uma das perturbações psicológicas com maior prevalência, tendo em conta que hoje os nossos níveis de ansiedade se encontram acima do que é suportável para a maioria das pessoas, provocando desconforto psicológico e, consequentemente, físico.
Contudo, é necessário desmitificar a negatividade associada à ansiedade, a par de outros sentimentos e emoções de valência menos positiva. A ANSIEDADE NÃO É NEGATIVA EM SI – O QUE É QUE ISTO SIGNIFICA?
É importante salientar que nenhuma emoção ou sentimento são negativos por si, sendo todos eles, positivos e negativos, sinalizadores do que estamos a percecionar através dos órgãos dos sentidos, contendo informação valiosa para a nossa adaptação ao meio e para nos preparar para reagir ou não.
Quando o estado de vigilância associado à ansiedade se torna permanente e desadequado à situação, este pode causar muito desconforto e afetar o bem-estar e a possibilidade de termos uma vida feliz. Acabamos por ficar num estado de alerta, no sentido de nos prepararmos para o evento que antecipamos e percecionamos como ameaçador, o que nos afetará a atenção, concentração e estado de ânimo.
A Ansiedade pode tornar-se uma prisão pelo ciclo eu a mantém pois tendencialmente começamos a evitar ir aos mais variados locais, fazer o que gostamos de fazer, privar-nos de determinadas situações, para não entrar em contacto com os sintomas desconfortáveis e incompreensíveis que parecem colocar a nossa vida em perigo.
COMO ULTRAPASSAR A ANSIEDADE?
Medicação
Pode ser útil em alguns casosem que a sintomatologia não permite que a pessoa tenha uma vida minimamente funcional pela persistência dos sintomas desconfortáveis e pensamentos automáticos.
A ansiedade é muito mais que os sintomas físicos que se sente. Tem todo um ciclo que tem de ser quebrado começando pela compreensão do mesmo e desconstrução, criando novas oportunidades para interpretar os sintomas de forma realista e desconstruir os pensamentos associados. É fundamental perceber: - O que me deixa ansiosa? - Quando? -Como identifico a minha ansiedade? (sintomas, comportamentos, pensamentos) - O que sinto é proporcional à situação? -Consigo controlar a minha ansiedade?
SUGESTÕES PARA LIDAR COM A ANSIEDADE:
1.Avaliar a probabilidade do evento ameaçador realmente acontecer Muitas vezes os pensamentos não são realistas. 2.Intenção no pensamento e alteração do comportamento Quando alteramos o comportamento reforçamos o que queremos que aconteça e construímos novos significados que não alimentam as crenças que mantêm o ciclo da ansiedade = novas oportunidades. 3.Controlo da respiração e relaxamento Permite que sejam experienciadas novas sensações além da tensão e desconforto que a ansiedade provoca. 4.Tomar consciência = mindfullness Atenção plena, estar no momento. Exercícios como tomar banho, comer, prestando atenção às sensações provocadas por todos os órgãos sensoriais permitindo-lhe entrar em contacto consigo e a valorizar a magia de viver atento ao momento presente e não focado no futuro. 5.Aceitação e ação Aceitar as sensações internas e a inevitabilidade das emoções negativas. Comprometer me com os meus valores, criar objetivos e agir. “O medo não é para suprimir ou negar, mas para aprender a lidar”. 6.Exposição Enfrentar o que tememos, ao invés de evitar ou fugir, pois dificulta a desconfirmação do perigo e a identificação dos recursos internos para lidar com determinada situação ou emoção. 7.Praticar exercício físico ajuda a baixar os níveis de ansiedade 8.Dormir bem através controlo de estímulos na hora do dormir
BAIXA AUTOESTIMA - CRENÇA ACERCA DO VALOR PESSOAL
A autoestima é baseada na relação que desenvolvemos com o nosso mundo interno e externo.
Baseia-se na perceção que temos dos recursos internos e como os utilizamos a nosso favor.
Esta noção de valor pessoal é formada desde a infância, ao longo do tempo, através da confirmação ou não das nossas atitudes, comportamentos, desejos e escolhas.
Durante a nossa infância precisamos de amor para nos sentirmos confirmados, esse amor funcionara como alimento.
Assim, abrimos espaço para a segurança interna, autoconfiança e consequentemente, autonomia e independência.
Durante a adolescência essa confIRmação ainda é procurada fora de si, nos amigos, grupos de pares…
PORQUE ME TORNO UM ADULTO INSEGURO?
À medida que nos desenvolvemos descobrimos o nosso valor pessoal e em que é que somos importantes para o mundo.
Quando este processo não ocorre como esperado, dá origem a crianças\adultos\adolescentes inseguros e insatisfeitos.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DESTE TIPO DE FUNCIONAMENTO?
Sentimento de inadequação
Crenças auto-sabotadores – não sou capaz
Não reconhecer ou acreditar no seu valor pessoal e potencialidades
Pessimismo, negatividade, falta de confiança em si ou nos outros e na vida,.
Não se sentir merecedor de respeito, amor
Assumir culpas pro tudo o que acontece ou tentar encontrar um culpado para tudo o que acontece
Não criar objetivos= mantem o padrão de nada de bom me acontece
Comportamento de Submissão ou agressividade
Não ter iniciativa
Medo de não ser aprovado
Ver-se demasiado através dos olhos dos outros
Perfecionismo
O QUE POSSO FAZER PARA LIDAR MELHOR COM A ANSIEDADE?
Tomar consciência dos pensamentos e crenças limitadoras e desafia-las, colocando-as em causa e agindo para desconfirmá-las.
Agradecer a si mesmo
Dar valor às suas necessidades e desejos e não depender de ninguém para as suprir
Não alimentar o fracasso e inercia mas olhar para tudo o que já conseguiu e orgulhar-se
Alimentar a sua vida com experiencias aliciantes, por exemplo, envolvendo-se em novos projetos, workshops, novas experiencias.
Traçar objetivos e esforçar-se
Libertar-se do peso do passado, respeitando o seu percurso e processo de desenvolvimento pessoaL.
ONDE SE CRUZAM ANSIEDADE E AUTOESTIMA?
Os pensamentos negativos e catastróficos podem ser desencadeados por insegurança transmitida pelos cuidadores e/ou desenvolvida com base em traumas ou privações na infância.
A preocupação exagerada com o que ainda não aconteceu é uma clara demonstração de insegurança e falta de confiança em si e nas suas capacidades para lidar com o que a vida nos trás.
Uma pessoa que esteja bem consigo e veja com capacidade para lidar com o que lhe acontece, vai estar à partida melhor consigo própria.
Os pensamentos negativos, crenças, falta de confiança em si e no futuro, minam a autoestima, sendo fundamental elevar a autoestima para minimizar o comportamento ansioso.
A autoestima acabada por ser protetora da ansiedade e uma peça fundamental na forma como lidamos com ela.
Todos nos sentimos menos confiança em determinados momentos.
Contudo, é importante ter atenção quando:
Afeta a capacidade para nos relacionarmos
Afeta a capacidade de tomar decisões
Afeta a capacidade para resolvermos problemas
Não estamos em sintonia com os nossos valores, originando mau estar psíquico.
Pode provocar Depressão, somatização (dores, problemas de pele, como manifestação do que não estamos a dizer ou aceitar), maior tendência para ter comportamentos de risco ou cuidar menos de si própria.
Não deixe que o seu olhar negativo sobre a vida se torne a sua realidade permanente. Todos passamos por momentos bons e menos bons, contudo, a forma como lidamos com eles irá moldar a nossa realidade. Está nas suas mãos viver a realidade que deseja, libertando-se do fardo do passado, vivendo um presente mais satisfatório e confiando num futuro feliz.